sexta-feira, 5 de outubro de 2012

E aí você quer participar DESSE circo?

Você vende seu voto? Parabéns! Você acaba de ser convocado para servir no circo. 

 O Circo

Respeitável público! Gostaria de anunciar que o festival da compra e venda de votos em Inhumas já começou. Ele só tem data certa para acabar no domingo, quando o horário não mais permitir a votação. Até lá muitas oncinhas e garoupas vão rolar soltas por ai, com uma frequência típica destes tempos de campanha. Isso só acontece porque as pessoas permitem, e pior que isso aceitam de bom grado participar desse sistema, condicionando a si mesmas não como parte da solução, mas como parte do atraso e da mesmice. Muitas pessoas vivem se queixando; _Político é tudo igual, Político não presta. Político isso, político aquilo. Mas muitas dessas mesmas pessoas são as primeiras a se manifestar quando aparece um aspirante a político querendo comprar o voto delas; _ Putz, mas são cinqüenta reais! Cem reais! E desde quando cem reais mudam a vida de uma pessoa para sempre? Pelo menos a minha não muda. _ Á, mas é só pegar o dinheiro do cara que está comprando e votar em outro! Isso não muda nada. Na minha opinião, é até pior. Porque a partir do momento em que você aceita participar deste esquema você reforça a imagem que o político terá de que o cidadão é uma mercadoria, e por conseguinte esse mesmo cidadão não irá reivindicar nada para a melhoria da sociedade. E de que ele não terá a disposição para tentar mudar nada. Ele irá requisitar favores. E isso não está de todo errado. Somos uma sociedade egoísta. Estamos muito mais propensos a votar em um candidato que nos deu um botijão de gás, do que em outro que tem projetos concretos para a melhoria da sociedade em comum e quer implementá-los. Grande parte de nós brasileiros não queremos o melhor para a sociedade brasileira. Nós queremos o melhor para nós mesmos. A maioria da sociedade brasileira não está nem ai para a seca do nordeste, ou para o número de mortos pelas chuvas torrenciais no interior carioca. Não se importa com as favelas brasileiras, nem com o baixo nível da educação. A maioria da sociedade brasileira ta "cagando" pra corrupção que infesta nosso sistema político e devora os ideais de alguns escassos cidadãos engajados como uma traça. É a banalização do ruim, é a sociedade espetáculo onde o funeral importa mais que o morto, e o casamento mais que o amor. E digo isso com conhecimento de causa que pelo menos 50% da população eleitoral no Brasil, vai vender o seu voto até domingo. Mas e daí? As coisas não vão mudar mesmo! Pelo menos eu vou ter cinqüenta reais a mais no bolso! Consideramos a política brasileira uma palhaçada, mas não nos lembramos que nós contribuímos para a instalação do circo. E não nos lembramos também de que quando vendemos nosso voto, deixamos de ser meros espectadores, para participar no picadeiro como os ajudantes da palhaçada. Agora me responda você que terminou de ler isso. Você vai ser ajudante da palhaçada, ou vai acreditar que este circo pode fazer as malas e ir montar acampamento lá na "puta que o pariu"? Existem sim candidatos que não concordam com a palhaçada. E em Inhumas eu posso contar pelo menos cinco destes bons candidatos, e posso dizer ainda que nenhum deles pratica a compra de votos. A forma com a qual dispomos para a manutenção de uma sociedade mais justa é a mãe cidadania. E o voto democrático responsável, é o filho dela. Por isso o cidadão deve cuidar de seu voto como se ele fosse seu filho. E posso dizer que pelo menos eu não venderia o meu filho. COMPARTILHE essa ideia quem leu e gostou. Quem não gostou também. Pois liberdade de expressão é uma dádiva que AINDA a não nos privaram de usar.

Túlio Fernando Mendanha


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os candidatos do barulhooooo!!!!


Galera, nova postagem aqui no blog para estes "tempos de política", escrito pelo nosso parceiro Túlio. Voltamos "na atividade" com nosso blog e queremos a colaboração de todos os nosso leitores que compartilham nossas ideias!!!!




O assalto

Segunda-feira passada estava uma bela manhã, apesar de ser segunda. Aproveitei-me da boa disposição que acordei, e sai de casa as pressas. Motivado pela ideia dei uma boa corrida pelas margens das águas diáfanas, do lago Lúzio de Freitas. Como era caminho aproveitei e juntei alguns trocados e os embolsei com o objetivo de comprar pão e leite na volta. Nem me lembrei do celular, acredito que existem horas na vida que devemos deixar essas maravilhas eletrônicas de lado. Peguei apenas meu MP3 (já em desuso), e desci a avenida Bernardo Saião, ao fundo musical de Cocaine, do Eric Clapton. Foi justamente quando ele repetia o refrão e eu tentava debalde imitar sua voz em sintonia com a melodia, quando me abordou um sujeito estranho. Usava o cabelo desgrenhado e tinha a barba por fazer, os pés estavam sujos e notei que a roupa também precisava de mais cuidados higiênicos. Usava um blusão protuberante e bermuda longa, mais a parecer uma calça que em meu tempo diríamos utilizada para "pegar frango". Ele porém, foi rápido e eficaz ao exigir o que queria;
_Carteira e celular, Pilantra!
Não entendi muito bem o motivo da entrevista: Como? - Perguntei curioso.
Ele então respondeu alguma coisa, mas graças a um carro de propaganda que passava anunciando entre hinos de louvor, e uma canção que não me sai do ouvido, o número, e os belos motivos para se votar em um candidato a vereador que não me lembro o nome também (Ufa! Ainda bem), eu não ouvi nada.
O quê? - Perguntei novamente, mais gritando que falando.
Ele me fez um gesto com a mão para que esperasse o carro de propaganda passar.
_ Passa a carteira e o celular. Agora pilantra!
Levantou o blusão protuberante, e me mostrou uma arma. Reparei que estava remendada com durepóx, mas ainda assim era uma arma. Entendi então o motivo da abordagem. Minha resposta foi rápida e envolvente.
_Não trouxe nem um nem o outro. Deixei o celular em casa, e só tenho alguns trocados pra comprar pão! - Disse esperançoso.
Mas ele também não entendeu nada, pois bem na hora passava um outro carro de propaganda com o som a pino. Anunciava ao som de um jingle, mais um candidato a vereador. Ergui as duas mãos em gesto para que o assaltante esperasse, mas ele se adiantou;
Eu não quero que você me compre pão, malandro. Quero sua carteira e seu celular. AGORA!
Vi que ele estava irritado. Deve ter entendido só as ultimas palavras! - Pensei comigo. Repeti a sentença, esperançoso. Mas ele não se conformou.
_Como é que um malandro igual a tu, sai de casa uma hora dessas e não carrega carteira nem celular maluco?
_É que eu...
            Já ia responder, mas vi que era em vão, pois acabava de dobrar a esquina mais um carro de propaganda eleitoral. Pensei comigo mesmo; _Daqui um tempo os professores de libras vão ficar ricos.
Mas o assaltante não queria saber, estava impaciente;
            _Malditos carros de som, atrapalhando meu trabalho.
Foi então que vi que ele estava realmente indo para o trabalho, afinal era uma segunda -feira. Que por sinal já começava estressante. Se o trabalho dele era legal isso já era outra história. Subitamente ele sacou sua arma. Pensei comigo; _ Tá toda remendada com durepóx. - Mas não disse isso pra ele, não quis ofendê-lo, afinal era a sua ferramenta de trabalho. Imaginei-me então em dois perigos, se a bala não me matasse, o tétano com certeza o faria. Levantei as mãos. Onde está a policia uma hora dessas? Mais tarde fiquei sabendo que os policias da cidade estavam engajados no honradíssimo trabalho de proteger o governador, em visita especial a cidade.
O assaltante então se aproximou, arrancou de meus bolsos os trocados destinados ao pão, e me privou de meu MP3. Já em desuso, mas e daí? Eu gostava daquele MP3. Tinha gasto muitas horas colocando meus rocks prediletos nele. Ele nem ia gostar das músicas que lá estavam. Pretendi falar alguma coisa, mas me lembrei do tiro e do tétano, desisti. O assaltante então se afastou, e me deu uma ordem. Mas graças a mais um outdoor ambulante, que convenientemente passava na hora, o que ouvi não tinha nada a ver com a ordem do bandido.
_PELA SEGURANÇA, VOTE NO MANÉ ESPERANÇA. - O fundo musical era composto de um destes hits sertanejos do momento.
Quando o carro de propaganda passou, o marginal repetiu a ordem;
_Vai tirando o pizante ai malandro.
Droga eu ia ter de ir embora sem meu MP3, e ainda descalço.
Não tive remédio. Tirei o tênis e o entreguei ao assaltante.
_ As meias também. - Disse o atento elemento.
Retirei então as meias e as joguei para que o bandido as agarrasse, ele então pegou uma depois a outra, mas em virtude das emanações extremamente nocivas ao paladar olfativo que as mesmas diluíam, se livrou delas imediatamente, com um arremesso decisivo. No mesmo instante o assaltante guardou a arma, colocou o tênis debaixo do blusão,e ainda foi abusivo;
_Não quero saber de você andando por ai sem grana, Pilantra! E não chama os home. (como se eles me ouvissem!) - E irrompeu em um trote desgovernado sem destino. Sumiu em segundos.
Sem meu celular, sem meu MP3, sem minha carteira, e ainda descalço, pensei em chamar um táxi que passava na hora, eu o pagaria quando chegasse em casa. Mas, rabo do diabo que com certeza dirigia este, mais um belo carro de propaganda estava passando na hora. Vi que seriam infrutíferas minhas tentativas de chamá-lo. Ignorei-o, e voltei para casa, acompanhado de toda espécie de jingles políticos propagandísticos.
Dia das eleições, chegue logo que quero lhe usar!

sábado, 29 de setembro de 2012

O que é ser vegano?

Pessoal que curte o nosso blog, estamos de volta com boas postagens. O post de hoje é uma palestra de um ativista pelos direitos dos animais. Trata-se de um vídeo com cerca de uma hora de duração, mas que vale cada minuto de sua atenção. Afinal, é certo o modo de vida que levamos? Nossos valores sociais são tão debatidos, estão em todas as pautas do jornalismo. Muitos de nós estão preocupados com o que enchem seus cérebros. Este vídeo mostrará que muitos dos valores culinários que cultivamos estão errados (estão?) mas, o que é certo o que é errado? Este post irá esclarecer muito sobre o modo de vida vegano, algo que está a milhas de distância do modo de vida da maioria das pessoas. Mas enfim, gostaria que assistissem ao vídeo. Muitos terão uma visão diferente de mundo.




sexta-feira, 20 de julho de 2012

Era uma vez um político...


     O post de hoje é um dos textos publicados na 5ª edição do jornal O Manifesto, escrito pelo nosso parceiro Tulio Fernando. Em ano político e diante do atual quadro político em que nosso estado de Goiás se encontra o texto é bem sugestivo, pois segundo Berthold Brecht "da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais". O texto é muito bacana vale a pena ler!!

Era uma vez, um José
   

Era uma vez um político. O nome dele era José. Mas ele não era só mais um político. Ele era “O político”. Já havia sido reeleito diversas vezes em sua cidade para ocupar seu cargo público, nada parecia afetar sua sólida carreira. Seu partido já havia se estabelecido como o grande mandante, não só na cidade de José o político, mas em todo o estado. Porém, um dia uma terrível tragédia aconteceu. Fora descoberta a outra face de José o político. De repente, várias denúncias surgiram contra José o político, fraudes, propinas, corrupção, roubo, desvio de verbas, até um caso de estupro. Um verdadeiro escândalo. José o político foi indiciado e preso, mas, foi por pouco tempo. A polícia refutou as provas que existiam contra ele - não são o suficiente! Alegavam. Então, o soltaram no mesmo dia, para responder o processo em liberdade. Graças toda a burocracia que infesta o sistema penal e devora toda verdade como uma traça, e graças a um arquivista distraído que teve a presteza de “sumir” as provas contra José o político, ele não foi condenado. Com o passar do tempo, as pessoas nem se lembravam mais do escândalo. José o político, se aposentou da vida pública, mas, não ficou abandonado a própria sorte, recebia aposentadoria por seus inestimáveis serviços prestados a comunidade e viveu feliz para sempre. Do estupro não se ouviu mais falar.
   Era uma vez um advogado. O nome dele era José. Mas ele não era só mais um advogado. Ele era “O advogado”. Nunca perdera um único caso em toda a sua vida como jurista. Austero em seus princípios. Era conhecido, sobretudo, pela oratória impecável e pela atitude abnegada com a qual defendia seus clientes. Gente da alta, da classe A, da elite, políticos, empresários, fazendeiros. Porém, um dia uma terrível tragédia aconteceu. Fora descoberta a outra face de José o advogado.  De repente, várias denúncias surgiram contra José o advogado, subornos, corrupção, estelionato, assassinato, fraudes, até um caso de pederastia. Um verdadeiro escândalo. José o advogado foi indiciado e preso. Mas, seus clientes não o abandonaram, gente da alta sociedade, que eram cheios do dinheiro, moveram céus e terras para socorrer o pobre José o advogado. Curiosamente, as denúncias não puderam ser comprovadas. José o advogado, foi solto em pouco tempo por insuficiência de provas. Até o caso de pederastia foi esquecido. José o advogado não podia mais exercer advocacia, mas, não ficou desamparado pobrezinho, seus amigos da classe A, o arranjaram um bom emprego na capital, onde poderia fazer muitos “servicinhos” convenientes. Com o passar do tempo, as pessoas nem se lembravam mais do escândalo. Um belo dia, foi até homenageado em sessão pública solene por suas inestimáveis habilidades como, causídico, e viveu feliz para sempre.
    Era uma vez um empresário. O nome dele era José. Mas ele não era só um empresário. Ele era “O empresário”. Fizera de sua empresa a maior da região. Faturava milhões e milhões com seu jeito ousado de fazer negócios, e por ser um melindroso empreendedor. Porém, um dia uma terrível tragédia aconteceu. Fora descoberta a outra face de José o empresário. Várias denúncias foram dirigidas contra ele, falsidade ideológica, exploração, sonegação de impostos, corrupção. Até um caso de assédio sexual e outro de pedofilia. José o empresário foi indiciado e preso, mas foi por pouco tempo. José o empresário tinha muitos amigos na política, além, de um destemido advogado, indômito ao exigir a justiça e evocar a constituição. As denúncias foram rechaçadas, não foram encontradas provas suficientes para incriminá-lo, e curiosamente os delatores de seus crimes revelaram estar enganados, e que não se tratava deste José, mas, sim de outro qualquer. Assim, a justiça o liberou, pode voltar a exercer seu oficio com destemida devoção. Com o passar do tempo, as pessoas nem se lembravam mais do escândalo. Um belo dia, foi até condecorado com a medalha do mérito legislativo por seu dinamismo empresarial.  E viveu feliz para sempre.
    Era uma vez um lavador de chão. O nome dele era José. Mas ele não era só um lavador de chão. Ele era “O lavador de chão”. Nunca se vira na face deste mundo guerreiro de vassoura e rodo na mão com habilidade comparável a de José o lavador de chão. Destacava-se na empresa onde trabalhava, lavando o dobro das salas que os outros lavadores e em metade do tempo que os outros gastavam. Pai de família sem igual pagava com muito custo um curso de língua estrangeira para o filho mais novo e acalentava sonhos ambiciosos para o filho mais velho. A filha impúbere tinha a descomunal habilidade da leitura, além de ajudar nas tarefas de casa. Um dia, José o lavador de chão, estava assistindo o jornal, e entre as notícias do esporte e a previsão do tempo, viu que um conhecido político de sua cidade, foi preso, acusado de vários crimes, mas, por não haver provas suficientes haviam-no soltado. José o lavador de chão não se aguentou. Aquele político se apoderou do dinheiro dele, o dinheiro dos impostos que pagava, portanto, aquela situação não ficaria assim. José o lavador de chão, reuniu alguns outros moradores e foram protestar na rua. Sua filha dissera que segundo uma tal constituição, tinham o direito de exercer sua cidadania. E foi o que fizeram, mas, uma terrível tragédia aconteceu. José o lavador de chão foi preso, acusado de perturbação da ordem. Não foi tudo, o político o acusou de uma série de crimes, até de estupro. O advogado que defendia o político o processou por desacato a autoridade, e por ser um pederasta enrustido. O dono da empresa onde ele trabalhava o despediu por justa causa, e disse que não queria pedófilos trabalhando em sua empresa, e ainda, teve a audácia de dizer que José o lavador de chão, nem era tão bom empregado assim. Um verdadeiro escândalo, as pessoas nunca se esqueceram de José o lavador de chão e do quão vil era o seu caráter.
   Afinal, a justiça é igual para todos (é?), e ela foi feita (foi?), José o lavador de chão foi condenado por ser um terrível criminoso (e era?), sem direito a fiança, teve de cumprir a pena em regime fechado, e sua família... Não viveu feliz para sempre.  

terça-feira, 17 de julho de 2012

Mas o que é o amor? E quando ele chega?


O blog do jornal O Manifesto a cada postagem aumenta seu público e é com muita satisfação que recebemos textos de pessoas que se enteressam por leitura, cultura e manifestação da opinião. Hoje nosso post veio de uma leitora do blog, Graziella Soares e Silva Bacharel em História pela UFG e Tecnologa em Planejamento Turístico pela IFG. Como o título já diz o texto "é pra você solteira", porém deve ser lido pelos "marmanjos" de plantão!!!


É pra você, solteira.


            No último Dia dos Namorados que se passou, observei que em uma das minhas páginas sociais,  a maioria das garotas que não tinham namorado estavam todas adicionando uma comunidade em comum. Cujo o que mais me impressionou foi o teor do texto das comunidades que de alguma forma confortava aquelas pobres criaturas sedentas para ter  um namorado em que poderiam apresentar para todos, ou melhor dizendo, declarar pelos quatro cantos do mundo que ela não estava sozinha, carente, pra titia, beata de igreja, enfim todos as palavras pejorativas que classificam  as pessoas que estão sozinhas. Ah! Não posso deixar de contar pra vocês o conteúdo da comunidade, tipo assim: “E daí se eu passar o dia dos namorados sem namorado(a)? Eu também não passo o dia do índio com um índio(a), nem o dia da árvore com uma árvore. Muito menos o dia de finados com um defunto”.
            Mas pra que adicionar uma comunidade? Quando seus amigos colocar os olhos na página de atualização e ver que você adicionou, rapidamente irão pensar, coitada a bichinha está louca para arrumar um homem, mas não dá o braço a torcer. Coitada   mesma  de nós, agora inclui também minha pessoa. Nós garotas fomos criadas deste de pequena nutrindo sentimento do homem perfeito encarnado pelo a figura dos príncipes encantados dos contos de fadas. Quem de nós gostaríamos que um príncipe lindo, alto, musculoso com sorriso belo viesse até nós com seu cavalo branco e só pra dizer, eis a minha amada que esperei por ela por toda a minha vida e neste momento encontrei. Lindo, né!!! Mas isso não é a realidade, a verdade nua e crua é diferente. Somos pressionadas por um sistema  opressor, ditador, sufocante, dilacerador de alguma forma ou outra, aqui agora não cabe descrever quais são os mecanismos de que esse sistema utiliza para impor essa realidade, porém sabemos que uma hora outra ele triunfa em um momento de nossa vida ou pela vida inteira.
            Mesmo aquelas que são taxativas ao dizer não preciso de um namorado, antes só que mal acompanhada, ai ai ai essas são as que mais sofrem, pois lá no fundo, lá no íntimo como Sigmund Freud diria lá no inconsciente essas imaginam com um namorado em que irão cometer as mesmas “tolices” de pessoas que estão apaixonadas, como sair de mãos dadas, assistir um filme no cinema, receber rosas, ouvir ele te dizendo que te ama, conversar em um dialeto que apenas vocês irão entender, colocar apelido entre vocês tipo amor, amorico, amore, coração, tchutchuco e etc. As sonhadoras, essas têm todo meu respeito e admiração, por mais que elas vivem procurando, almejando o homem perfeito, pelo menos elas admitem que estão tentando sair do grupo das encalhadas. Tem outro grupo que é das indecisas, não sabem o quer da vida, se são felizes sozinhas ou namorando, suas decisões variam como trocam de roupas. Mas gente!!!! Pare respire e analisa sua atual  situação. Em que grupo você faz parte?
            A questão não é se você faz parte de um desses grupos, pois a partir do instante que a senhorita  auto define sendo as taxativas ou sonhadoras ou indecisas, você admitiu que é uma solteirona imaculada à procura de um namorado, em que todos ao seu redor fazem comentários da sua atual situação. Mas queridas, posso dizer pra vocês que vai muito além disso. Na realidade quero dizer que antes que você descabele ou emagreça horrores se alimentando com comida de passarinho, ou que estoure seu cartão de crédito comprando coisas desnecessárias, ou comece a tomar tarja preta, ou pior ainda, se iluda por qualquer pilantra que aproveita da sua fragilidade, EU QUERO FALAR É DE AMOR.
            No dicionário Aurélio, a palavra amor têm os seguintes significados: “s.m. Afeição viva por alguém ou por alguma coisa: o amor a Deus, ao próximo, à pátria, à liberdade. / Sentimento apaixonado por pessoa do outro sexo: as mulheres inspiram amor. / Inclinação ditada pelas leis da natureza: amor materno, filial. / Paixão, gosto vivo por alguma coisa: amor das artes. / Pessoa amada: coragem, meu amor! / Zelo, dedicação: trabalhar com amor. // Amor platônico, amor isento de desejo sexual. // Por amor de, por causa de. // Pelo amor de Deus, expressão que dá ênfase a um pedido: não faça isso, pelo amor de Deus!”, muito significados, né? Na internet, ao pesquisar no google a palavra amor aproximadamente têm 555.000.000 resultados para essa pesquisa, com certeza passaríamos dias tentando ler todas as publicações.  Não sei se você desconhece mais também há teorias para classificar cada estilo de amor, não vou aprofundar nessas teorias discutindo os seus pressupostos afim de chegar a uma verdade absoluta. Mas vale a pena citar pelo menos uma,  para que você senhorita saiba como o amor é tratado seriamente.
            Segundo Susan Hendrick e Clyde Hendrick ao desenvolverem uma Escala de Atitudes Amorosas baseados na teoria de Alan John Lee, teoria chamada Estilos de amor. Lee identificou seis tipos básicos em sua teoria:
      Eros - um amor apaixonado fundamentado e baseado na aparência física
      Psiquê - um amor "espiritual", baseado na mente e nos sentimentos eternos
      Ludus - o amor que é jogado como um jogo; amor brincalhão
      Storge - um amor afetuoso que se desenvolve lentamente, com base em similaridade
      Pragma - amor pragmático, que visualiza apenas o momento e a necessidade temporária, do agora
      Mania - amor altamente emocional, instável; o estereótipo de amor romântico
      Ágape - amor altruísta; espiritual
            De acordo com a pesquisa de Hendrick e Hendrick, os homens tendem a ser mais lúdicos e maníacos, enquanto as mulheres tendem a ser stórgicas e pragmáticas. Relacionamentos baseados em amor de estilos semelhantes tendem a durar mais tempo. Mas claro ao saber disso, vocês não vão sair por aí, como um bando de loucas avaliando qual poderia ser o estilo de amor de cada homem só para tentar  encontrar o tão sonhado príncipe encantado.
            Mas o que é amor? E quando ele chega? Senhoritas, me recuso denominar, explanar, conceitualizar, problematizar o que é esse sentimento, pois vivemos quebrando a cabeça tentando chegar a uma conclusão, porém nunca encontramos. Talvez o amor é simplesmente amor, não tem segredo, regra, lei, comportamento. Talvez seja uma coisa tão simples e boba que a gente exagera, aumenta, inventa tornando-se uma bola de neve que só irá aumentar a nossa dor de cabeça nas incalculáveis maquinações penosas para saber se ele realmente gosta da gente.
            Mas aí vai um conselho meu, senhoritas sedentas, pode ser até clichê, porém colocarei a  minha boca no trombone para dizer, PAREM DE CORRER ATRÁS DO PRÍNCIPE ENCANTADO, isso somente as vão deixar  aflitas, envelhecidas, cansadas e a única coisa que vai se beneficiar com isso, serão as clínicas de estética. Mesmo que  vocês consideram que suas vidas estão pacatas sem nenhum pouco de emoção, adrenalina ou melosidade. Queridas vocês precisam dar mais valor em coisas que te dão prazer. Por exemplo, tenho uma amiga que no seu perfil descreveu assim “ ...viciada em música, filmes e seriados, noveleira de plantão, mestre em cultura trash", preste atenção ela somente enumerou as coisas que dá prazer. Invista na sua vida, aposte nos seus sonhos, alforria da mesmice do sistema, seja diferente, fuja da regra e seja a exceção. Como? Comece a traçar objetivos a ser alcançados por ti, como uma faculdade ou mais uma outra, aprender uma língua ou  artesanato, curso de  culinária, uma viagem, uma promoção de emprego, sair mais com as amigas, ir ao cinema, ler um livro, aprender pilotar um avião, morar em outro país. Ah, gente!!! Eu poderia fazer uma lista extensa de coisas que vocês podem e devem fazer, mas somente vocês sabem o que te dão prazer. E quando menos esperar o amor chega na sua vida. Ops!!! Retomamos o segundo questionamento, e quando ele chega?
            Bom, o amor vai chegar quando você menos espera. Ele é inesperado, agora de novo busco ajuda ao meu amigo Aurélio, a palavra inesperado tem os seguintes significados: “que não é ou não era esperado, que surpreende: visita inesperada. / Inopinado”. Inopinado “que sobrevém quando não se espera: felicidade inopinada. / Imprevisto, súbito, inesperado”. Tá ai a grande descoberta, o amor não marca o dia na sua agenda, por exemplo, vou chegar no dia 26 de maio às 7 da matina, fulana, então neste dia em diante não marque nenhum compromisso sem ser comigo. E devo ir embora daqui uns três meses, pois tenho que encontrar a sicrana. Que tipo de amor é esse com calendário pra começar e terminar, com cronometro para marcar a hora, ainda exigindo exclusividade. Pobrezinha de vocês que acreditam nisso.
            Olha em volta, o homem da sua vida pode ser aquele que está sempre contigo. Pode ser aquele AMIGO que te liga todos os dias só pra saber se você tá bem ou aquele AMIGO que passa horas com você conversando sobre as coisas que na maioria das vezes ambos gostam ou aquele que gosta de você mesmo quando está parecendo um monstro com cabelo danificado, ressecado, opaco e sem brilho, com quilos a mais, com a cara cheia de espinhas, unhas pra fazer, ele ainda vai te dizer que está linda. É aquele que vai estar do seu lado nos momentos de alegria, mas acima de tudo nos momentos de tristeza... ele dará o ombro pra você chorar.
            Devo alertar as senhoritas, não cobram a perfeição deles, pois são incapazes de serem completos e sem defeitos. Uma hora ou outra ele vai te trocar por uma “pelada”, pois está na constituição viril dele correr 90 minutos num campo atrás de uma bola não se importando se ele vai se esfregar com outro machão barbudo e suado. Raramente eles fazem o que a gente quer por vontade própria, temos que ir ao extremo, chegar até o ponto de desenhar algo para eles entenderem. Isso remete a falta de criatividade, sempre a mesma coisa. Homens surpreendam a mulher que vocês amam através de algo inesperado (P.S: palavra inesperado aparece de novo). Outra coisa, não custa nada e também não vai arrancar pedaço, se você machão dizer que ama a pessoa que está do seu lado. Nós mulheres gostamos de ouvir isso. Mas pelo amor do meu bom Deus, não fale isso quando você estiver bêbado ou quando deu uma mancada. Fale quando ela menos espera  (P.S: menos espera significado de inesperado). Mais uma característica viril, não prestar atenção no que nós falamos. E pior ainda supor que nós falamos pelos cotovelos, isso irrita. Temos também que reconhecer que não somos perfeitas. Não sei se você deseja perfeição, mas particularmente eu não quero. Então não se inquietem, se angustiem, se apavorem por passar mais um ano sem namorado nos Dias dos Namorados. Uma hora ou outra o inesperado pode aparecer pra você.
  Graziella Soares e Silva
           

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Se quiseres

Se quiseres me ter, me chame
Se quiseres sentir, me ame
Se quiseres sonhar, se derrame
Se quiseres alcançar, me acompanhe


Não se limite a isso
Não se abstenha da vida
Não se desiste por isso
Não há justificativa


Se quiseres aproveitar a vida, estou aqui
Se quiseres evitar a partida, é só sorrir
Se quiseres me ter ainda, é só pedir
Se quiseres me ver na ida, chame por mim


Não se deixe levar
Não se deixe deixar de estar
Não se deixe apagar
Não se deixe esgotar


Se quiseres se embriagar de mim, aqui estou
Se quiseres se esquecer assim, encontrou
Se quiseres se entupir enfim, me deixe que eu sou
Tudo que espera de mim

Eis a questão do eu

Trepidar sem cair
Regozijar sem sentir
Falar sem ferir
Tragar sem tossir

Morrer sem sumir
Seguir sem seguir
Sair sem partir

Esquentar sem aquecer
Chorar sem sofrer
Dizer sem querer dizer
Fazer

Deixar de ser e ser
Ser sem deixar de ser
Fazer o que quiser fazer

Sorrir sem gargalhar
Abrir sem escancarar
Arder sem gritar
Doer sem tocar

Deixar lá
Ir sem voltar
Voltar

Atirar sem errar
Errar sem mirar
Mirar sem pensar
Acertar

Eis o dizer
Eis o fazer
Eis o pensar

Eis o eu que não quer se mostrar

Os humanos e suas humanidades

Nos interstícios da existência, nas lacunas da eloquência. Todos querem ter as respostas. Todos os grupos. Todos os credos. Todos os mitos. Todos os ditos.
Parece que ninguém se contenta com o simples ato de viver. As academias e suas fórmulas irrefutáveis. Irrefutáveis para ela que não consegue enxergar um palmo além de suas leis e axiomas.
O mal do acadêmico é acreditar em tudo que lhe é dito na academia. Cada teoria se encaixa em seu efêmero anseio de resposta, de verdade. Tão pequenos em relação a dimensão que poderiam alcançar. Não veem que o único modo de desenvolvimento pessoal e acadêmico real é o questionamento. Mas falo do questionamento bem fundamentado. Já vi pessoas fazerem perguntas a professores só porque foi dito que valeria nota a participação. Isso é a lepra da universidade. Pessoas querendo apenas um status quo de estudante universitário. Podres mortais! Mais inúteis para ciência quanto ela própria.
É nisso que está consistindo a nova "intelectualidade". Se não tem nada a contribuir... Contribua mesmo assim. Tanto faz. Compre um óculos. Ponha no rosto e fale de modo pausado. Siga o esteriótipo do intelectual. Do profundo pensador.
O engraçado é que poucos saem do lugar. Acabam a faculdade e se acomodam em seus lugares trabalhando por migalhas de pão governamentais. As mais pisadas. Isso não é vida. É morte do pensamento. Por que nosso país não se move em questões sociais ou humanas - mesmo acreditando que tudo que existe seja produto de humanos? Nosso povo morreu. Parou de pensar. E não é só questão de pão e circo. Porque nem isso está sendo satisfeito como um dia pensou-se estar. A questão parece se reduzir a medo. A falta de vontade. Por que nos deixar levar por informações que nem sabemos de onde vieram? Por que aceitar tudo como se tudo bastasse? Somos tão inúteis enquanto somos. Atrapalhemos os padrões. Inventemos o errado. Desfaçamos o correto. Pintemos e gritemos. Existamos!
Como disse um grande amigo meu, Ari Simplício: todas as ideias são só coisas da cabeça de um bando de gente. Por que nos retiramos o prazer de pensar assim? Por que aceitamos como formigas domesticadas?
Ahhhhhh.... Me enjoei dos humanos!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

"Nas matas, gigantes caem sob o peso do machado..."

Nosso post hoje é de mais um grande colaborador do jornal O Manifesto e do blog. Refletindo de uma foma poética a chamada "Rio+20". 
Apreciem galera!

Panorama Ambiental

Hebane Lucácius

(Inspirado nas discussões travadas durante a chamada “Rio+20”)

Nas matas,
Gigantes caem sob o peso do machado.

Nos hospitais,
Crianças agonizam sob o signo das filas.

Nas selvas,
Vidas se findam dizimadas pela caça.

Nas cidades,
Existências se consomem abatidas pelo trânsito.

Eis traçado o panorama.

Matas e hospitais,
Selvas e cidades.

Gigantes e crianças,
Machado e filas.

Queda e agonia,
Fim e consumo.

Vidas e existências,
Caça e trânsito.

Peso e signo,
Violência e morte.

Deponham-se os jugos!
Preserve-se a vida!

E tudo será pleno.

Qual luz recobrada,
No centro do céu.


       Inhumas, 27 de junho de 2012

sábado, 7 de julho de 2012

Efêmera e Fugaz

As luzes observam-me as cores

Que mostram a beleza tão fugaz
Me envolvem num canil de vetores
E senhores
Que controlam e saciam a fome dos animais

Através desses tempos tão incertos
Despertos
Somos certos
Que o certo é o que cremos ser

Mas a pluralidade dos aspectos
Diversos
Sorriem a beleza do viver e compreender

Somos frutos de nossa cabeça
Que nos cria e nos dá a mesa
Para que possamos jantar

A meia-noite se aproxima
É o fim de um lindo dia
E um novo tende a iluminar

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Você é feliz? Você está fazendo nesse momento algo que te faz feliz?


Todos nós pensamos sobre o rumo que devemos tomar em nossa vida... sair do colégio e ir pra faculdade, da faculdade tentar o mercado de trabalho, ganhar grana e morar sozinho, comprar o primeiro carro... e por aí vai! Todas essas etapas indiscutivelmente são os planos em linhas gerais de qualquer um, mas um vídeo  nos fez pensar sobre isso e a pergunta que me veio a mente: todos nós pensamos no rumo que DEVEMOS tomar em nossa vida, ou no rumo que GOSTARÍAMOS de tomar na vida? Talvés o que gostaríamos  de fazer nos traria além de grana, carro... a felicidade!
Esse vídeo foi criado pela Box1824, uma empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo, e acredito que a galera que sonha em fazer o que se gosta algum dia vai se empolgar muito e se emocionar também!!!



quarta-feira, 27 de junho de 2012

"...Aqui jaz um primitivo"


O post de hoje é mais um dos brilhantes textos do Tulio Fernando, que é um dos membros do blog e do jornal O Manifesto. Acadêmico do curso de História pela UEG, escreveu esse conto recordando alguns fatos que com certeza, sei que vocês irão se identificar. Uma leitura que nos relembra momentos que passamos na "roça" dos nosso avós, recordando os sons, gestos, cheiros que se perderam no tempo e dentro de nós...mas, que de alguma forma ainda se manifestam em nossas lembranças!!
Um leitura que nos remete lentamente a nossa infância de pés sujos e descalços...


Do primitivo ao civilizado

     Ainda me recordo nostalgicamente dos venerados tempos dourados de outrora. Ainda me lembro da canção de amor fraternal que fazia ecos em meu ouvir, quando minha mãe, sempre a última a se deitar e a primeira a se levantar, distinguia-se entre as ramagens verdes do capim estendendo a roupa no varal. Hei de não me esquecer de meu pai assoviando nas frias madrugadas cobertas por neblina e serração enquanto buscava as vacas para o inacabável trabalho da ordenha. Relembro com extrema saudade da minha empolgação infantil ao recolher o copo de alumínio na estante feita pelas mãos de meu pai, e da fumaça fumegante do café que se levantava quando eu o enchia pela metade, reservando a outra para o leite cru, tirado na hora. Beber leito no curral é o que mais me remete a minha meninice. Era nessa hora fatídica, quando o sol ainda era muito novo para esquentar, e ainda tinha pouca vontade de começar o seu trabalho de Sísifo, que as roças e as ciliares revigoravam o mundo com a força eloquente de sua orquestra composta pelas emas, pela inhuma, e toda a espécie de bípedes canoros. O fato de eu não ter estudado quando era pequeno, não me impediu de aprender na escola magnânima da vida, assim como aprendi a paixão pelos galopes que fazia com meu pai sempre no final do dia, onde ao invés de álgebra ele me ensinava a calcular de cabeça utilizando-se de arrobas, dúzias, réstias e todo tipo de numeração. Ao invés das aulas de educação física, meu exercício consistia em pegar o frango para o almoço. Tarefa árdua esta, que exigia muita dedicação e paciência. Ainda sinto o gosto do pão de queijo ao me lembrar do cheiro que ele desprendia ao ser assado no forno de lenha. Gosto de me lembrar das tardes chuvosas e do astro rei que as sucedia, trazendo iridescência acima da represa que banhava os pomares no pé da serra, e do gado se recolhendo na invernada.  Quando o sol se rendia humildemente sua luminescência para dar lugar as lendas e estórias iluminadas pela lua, a orquestra canora era substituída pelo coaxar dos sapos entretidos em seus lares de águas diáfanas. O dia se cobria em noite e no manto negro do firmamento, constelações de miríades incidiam o mundo tentando sobrepor-se a luz da lua cheia. Distantes a bilhões de quilômetros, os vaga-lumes se organizavam, para também dar a sua contribuição á luz do mundo. Por vezes em bandos, que sempre vinham nos escoltar nos caminhos da noite longa. Por vezes sozinhos, como a procurar uma razão irracional para iluminar estes seres que se dizem racionais. As rodas de viola daquele tempo me lembram com saudade de quando a música sertaneja ainda era sertaneja, e não se resumia a traições, falácias, e chavões deprimentes. De quando ainda havia letra, e não um amontoado de poucas palavras. Infelizmente o que ouço hoje é o estertor, (inaudível para muitos) do que um dia foi música sertaneja. Se o sertanejo é acima de tudo um forte, como li em um grande livro certa vez, hei de fazer jus a esta mônada. As pessoas me olham hoje como o expoente de uma geração que não existe mais, e pior de tudo, que não existirá pelos tempos dos tempos. E me dão de presente estereótipos. Me chamam de velho, de obsoleto, de primitivo.
    Aqui vivo eu hoje, nesta selva de pedra. Aqui vivo eu, com os civilizados. Aqui ninguém se preocupa com as cores do arco íris, pois não há nenhum lago ou represa para sua luz incidir. Aqui ninguém escuta os pássaros cantando quando vem rompendo o dia, pois aqui não vivem pássaros, foram substituídos por engenhocas mecânicas que não levam se não viventes destas paragens de um lugar a outro. Os pássaros não são bem vindos aqui, e estes que por aqui vivem, engaiolados em armações de metal, não cantam para alegrar o ambiente, mas choram pelo fim da liberdade. Bem verdade é que quando por aqui passam, nos olham com seu jeito de quem entende o mundo e se envergonham. Acabam por cagar em nossas cabeças, não por necessidades fisiológicas, mas por desprezo infinito daqueles que se dizem racionais. Aqui ninguém acorda cedo para tomar leite no curral, dizem que faz mal a saúde. Os vaga-lumes não são necessários aqui, portanto não fazem suas benfazejas escoltas noturnas, nos lembrando que apesar de tudo ainda existem seres iluminados sempre prontos a andar do nosso lado. Para isso temos as luzes suspendidas em numerosos totens de concreto. Aqui não há gado. Já foram comidos. Depois que se aproveita até o último pêlo deles, nos esquecemos de que dependemos mais deles que eles de nós. Aqui as pessoas não se lembram das estrelas e tampouco as estrelas se preocupam com elas. E por ventura quando um casal apaixonado é visto admirando a lua cheia, são taxados de doidos, por que aqui até do amor as pessoas se envergonham. As pessoas não tem tempo para estas coisas pequenas. Estão preocupadas demais. Apressadas demais. Como eu li em um outro livro certa vez, passam a maior parte da vida a gastar sua saúde tentando ganhar dinheiro, e a outra parte gastando dinheiro para recuperar a saúde esvaída. Elas não vêem, não enxergam que essas coisas pequenas na verdade são maiores que elas. Não entendem que são as pequenas coisas que realmente valem a pena, assim como são as pequenas demonstrações de carinho e afeto que comandam as relações humanas. Que é isso que nos torna humanos e não máquinas. Aqui eu morrerei, nesta instância bucólica, em meu estado de misantropia. É bem verdade que prefiro viver e morrer só, como o ser primitivo que sou, do que conviver com os felizardos modernos. Assim como meu sertão ficou para trás á muito, e não há remédio para que ele volte, junto com o mundo de outrora, não há mais remédio para este mundo. A epopéia está chegando ao fim, e desta vez não vejo um final feliz para Ulisses. Mas me aproveito destas linhas para deixar um pedido; quando eu morrer, escrevam sobre a minha lápide: aqui jaz um primitivo.

Tulio Fernando

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Os de pele e cara limpa.....

Como dizia Nelson Rodrigues "Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura."
Bom, fácil mesmo é se sentir enganado e injustiçado contra tanta roubalheira no senado. Ver a política de seu país descendo "cachoeira à baixo" e esbravajar aos quatro ventos que a situação precisa mudar. Fácil se sentir enganado pelo nosso justiceiro Demóstenes, entre tantos outros escândalos sociais... Agora fácil mesmo, é criticar e fazer juízo de alguém pela sua maneira de vestir, pelo seu corte de cabelo, pela cor da sua pele, ou pelas "cores" da sua pele, pela arte que expressa, pela música que ouve. É muito fácil sentir preconceito por pessoas que de alguma forma ainda tentam ser donas das suas escolhas, lutam contra a maldição da alienação, expressam sua liberdade...
É fácil gritar e se esbravejar por justiça, e carregar dentro do bolso o preconceito por aqueles que não usam ternos, ou maletas executivas, para esconderem sua verdadeira personalidade. Mas usam a pele, a voz, o corpo, o cabelo para expressarem suas ideologias... portanto, será que nosso preconceito maior é por quem? Por aqueles que roubam sua liberdade de expressão, seus direitos, vestidos em seus ternos bancados pelo dinheiro público e sentados em uma cadeira do senado? Ou sentimos preconceitos por aqueles que não te roubam nada a não ser uns minutos de espanto, de atenção pelo modo que se vestem, pela sua forma de expressão, só porque fogem do convencional intitulado por uma sociedade preconceituosa?
Enfim, a sociedade precisa sentir preconceito por quem rouba o dinheiro que seria usado para investir na saúde e no transporte público, que rouba a nossa esperança do voto, que rouba nosso tempo com mentiras através de campanhas políticas, que rouba os nossos direitos, que nos enganam em rede nacional, que criam leis em benefício próprio e tudo isso feito de PELE E CARA LIMPA


Gabriella Goulart
*Vídeo produzido pela INTENZE Tattoo Ink.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Um professor pode ensinar com um sorriso..."

Primeiramente,  no post de hoje queremos agradecer a participação ativa dos autores dos textos aqui publicados, dizer o quanto é grande nossa satisfação em ver o interesse dessas pessoas pelo incentivo ao blog e por compactuar com a ideia do jornal O Manifesto. 
É com muito prazer que recebemos os textos e mais ainda quando podemos compartilhá-los por aqui!
Hoje particularmente, o poema a seguir fará engrandecer ainda mais o nosso blog, por dois grandes fatores. Primeiro, por ser um poema escrito pelo nosso grande parceiro Leonardo Daniel, escritor, formado pela Faculdade de Letras Unesp/UFG que sempre participa do nosso jornal, e segundo pelo tema desse poema... e sem mais delongas vamos a leitura!
UM PROFESSOR
 
Para todos os meus professores
Um professor pode acender a vela trêmula
Um sonhador pode fazer a carona da vida
Nos levar a algum lugar
Um professor pode ser o maior presente
Até a gente sair caminhando com passos firmes
Mesmo sem saber exatamente onde vai ser o desfile
Aonde vamos parar?
Um professor pode ensinar com um sorriso
E com o não nas mãos
Nos mostra o erro antes dele chegar
Carona na vida a gente aprende com o olhar
Carona nos livros a gente aprende quando nos deixa
A escolha
Do professor que a gente ama
A gente não esquece
Do professor que a gente ama
A gente não se despede
E vamos depois ensinar o que se aprendeu
Afinal, foi um reconhecimento, uma recordação
De joias já quase esquecidas
Leonardo Daniel
DA AMIZADE
(27/03/2010)
Editora Baraúna

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Manifesto de sábado

Como em todo sábado dia de reunião do jornal O Manifesto, nesse último dia 16 de junho, dedicamos a organização das doações de livros para a futura ASSUST. Estamos trabalhando para a legalização  da associação que logo estará promovendo os trabalhos com a sociedade. Mais em breve aqui no blog dedicaremos um post para explicar o que é essa associação, como funcionará, por enquanto queremos registrar os momentos dedicados a mais uma iniciativa da galera O Manifesto!

domingo, 17 de junho de 2012

Abrindo as tortas e as cucas

A humanidade está um tanto quanto confusa. Aquilo que sempre espelhou certezas se vê agora incerto por lacunas e buracos que ele mesmo criou. A ordem que tanto procurou nunca existiu realmente. O consequente desmantelamento de seus símbolos que se fragmentaram em múltiplos campos e questões se conserta e se reúne novamente no limiar do novo século. É o fim dos padrões que ainda tentam se conservar , a duras penas, mas que aos poucos se veem rodeados pela multiplicidade que se lhe apresenta.
A coexistência de vários pensamentos, credos, ritos, religiões de todo modo é um indicativo de que a multiplicidade é real. A tentativa incessante de criar denominações e grupos não resiste aos múltiplos que se fazem presentes trocando e traduzindo informações. Essa tendência positivista de rotular, separar, compartimentalizar os conhecimentos, os homens e mulheres, os territórios, as moedas, a moda se vê diante de um novo pensamento, por alguns chamado dadaísta, que mesmo sendo um "ismo" de "ista" nada tem.
Todos somos diversos enquanto somos. Não vemos por aí alguém que apenas gosta de futebol ou apenas gosta de video-games. Somos seres múltiplos que entendem sobre vários assuntos, interpretam, ao seu modo, o meio que os rodeia e assim como cada partícula que transpassa nossos corpos, ou não, todos os dias, estamos em um mesmo sistema, compartilhando experiências coincidentes. A diversidade se apresenta concomitantemente.
As divisões são apenas pensamentos incentivadores de disputas e até mesmo de guerras. Foi a partir da discriminação de grupos que tivemos centenas de guerras no decorrer da história da humanidade. A discriminação entre brancos e negros ocasionou o Apartheid. Essa visão compartimentalizada foi responsável por demasiadas mazelas que afligem nosso mundo. A fome, a miséria, a desnutrição, as doenças mortais, tudo isso poderia ter sido evitado se alguns homens não tivessem ousado repartir em territórios alguns outros povos de mesma espécie (humana) como se fossem os donos do mundo. Separaram não só as pessoas mas também suas ideias, suas virtudes, sua convivência social.
Hoje a ordem positivista se desfez. A evidência da pluralidade se faz presente. Isso se reflete em todas as crenças, desde de as científicas até a mais comum possível. É um período de mudança em todo o mundo. Mudança de pensamentos, de valores, de posturas perante a sociedade da qual se faz parte. Os novos movimentos que se ampliam cada vez mais pelo mundo são uma evidência da mudança paradigmática que acontece na contemporaneidade. Movimentos esses que não aceitam mais o estado de coisas como está. Veem a necessidade do fim das disputas e do começo de uma união entre os povos para que possamos prestar mais atenção no como estamos convivendo e no como nosso pequeno planeta azul está fragilizado e precisando que o pensamento não se limite a estabelecer divisórias mundiais mas que se concentre em questões relativamente mais importantes.
A união entre os povos, a comunhão e o respeito entre os iguais em suas diferenças, entre os diferentes e aquilo que os faz iguais, isso seria um bom começo para que todos possam, um dia, viver sem se preocupar com uma possível terceira grande guerra que, ao ver de todos, será possivelmente a última a que a humanidade resistirá ou num amanhã sombrio dividido por aqueles que deveriam ser o elo da unificação.
O futuro nos reserva grandes possibilidades e, até mesmo, soluções para muitas de nossas sempre novas dúvidas.