sexta-feira, 5 de outubro de 2012

E aí você quer participar DESSE circo?

Você vende seu voto? Parabéns! Você acaba de ser convocado para servir no circo. 

 O Circo

Respeitável público! Gostaria de anunciar que o festival da compra e venda de votos em Inhumas já começou. Ele só tem data certa para acabar no domingo, quando o horário não mais permitir a votação. Até lá muitas oncinhas e garoupas vão rolar soltas por ai, com uma frequência típica destes tempos de campanha. Isso só acontece porque as pessoas permitem, e pior que isso aceitam de bom grado participar desse sistema, condicionando a si mesmas não como parte da solução, mas como parte do atraso e da mesmice. Muitas pessoas vivem se queixando; _Político é tudo igual, Político não presta. Político isso, político aquilo. Mas muitas dessas mesmas pessoas são as primeiras a se manifestar quando aparece um aspirante a político querendo comprar o voto delas; _ Putz, mas são cinqüenta reais! Cem reais! E desde quando cem reais mudam a vida de uma pessoa para sempre? Pelo menos a minha não muda. _ Á, mas é só pegar o dinheiro do cara que está comprando e votar em outro! Isso não muda nada. Na minha opinião, é até pior. Porque a partir do momento em que você aceita participar deste esquema você reforça a imagem que o político terá de que o cidadão é uma mercadoria, e por conseguinte esse mesmo cidadão não irá reivindicar nada para a melhoria da sociedade. E de que ele não terá a disposição para tentar mudar nada. Ele irá requisitar favores. E isso não está de todo errado. Somos uma sociedade egoísta. Estamos muito mais propensos a votar em um candidato que nos deu um botijão de gás, do que em outro que tem projetos concretos para a melhoria da sociedade em comum e quer implementá-los. Grande parte de nós brasileiros não queremos o melhor para a sociedade brasileira. Nós queremos o melhor para nós mesmos. A maioria da sociedade brasileira não está nem ai para a seca do nordeste, ou para o número de mortos pelas chuvas torrenciais no interior carioca. Não se importa com as favelas brasileiras, nem com o baixo nível da educação. A maioria da sociedade brasileira ta "cagando" pra corrupção que infesta nosso sistema político e devora os ideais de alguns escassos cidadãos engajados como uma traça. É a banalização do ruim, é a sociedade espetáculo onde o funeral importa mais que o morto, e o casamento mais que o amor. E digo isso com conhecimento de causa que pelo menos 50% da população eleitoral no Brasil, vai vender o seu voto até domingo. Mas e daí? As coisas não vão mudar mesmo! Pelo menos eu vou ter cinqüenta reais a mais no bolso! Consideramos a política brasileira uma palhaçada, mas não nos lembramos que nós contribuímos para a instalação do circo. E não nos lembramos também de que quando vendemos nosso voto, deixamos de ser meros espectadores, para participar no picadeiro como os ajudantes da palhaçada. Agora me responda você que terminou de ler isso. Você vai ser ajudante da palhaçada, ou vai acreditar que este circo pode fazer as malas e ir montar acampamento lá na "puta que o pariu"? Existem sim candidatos que não concordam com a palhaçada. E em Inhumas eu posso contar pelo menos cinco destes bons candidatos, e posso dizer ainda que nenhum deles pratica a compra de votos. A forma com a qual dispomos para a manutenção de uma sociedade mais justa é a mãe cidadania. E o voto democrático responsável, é o filho dela. Por isso o cidadão deve cuidar de seu voto como se ele fosse seu filho. E posso dizer que pelo menos eu não venderia o meu filho. COMPARTILHE essa ideia quem leu e gostou. Quem não gostou também. Pois liberdade de expressão é uma dádiva que AINDA a não nos privaram de usar.

Túlio Fernando Mendanha


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os candidatos do barulhooooo!!!!


Galera, nova postagem aqui no blog para estes "tempos de política", escrito pelo nosso parceiro Túlio. Voltamos "na atividade" com nosso blog e queremos a colaboração de todos os nosso leitores que compartilham nossas ideias!!!!




O assalto

Segunda-feira passada estava uma bela manhã, apesar de ser segunda. Aproveitei-me da boa disposição que acordei, e sai de casa as pressas. Motivado pela ideia dei uma boa corrida pelas margens das águas diáfanas, do lago Lúzio de Freitas. Como era caminho aproveitei e juntei alguns trocados e os embolsei com o objetivo de comprar pão e leite na volta. Nem me lembrei do celular, acredito que existem horas na vida que devemos deixar essas maravilhas eletrônicas de lado. Peguei apenas meu MP3 (já em desuso), e desci a avenida Bernardo Saião, ao fundo musical de Cocaine, do Eric Clapton. Foi justamente quando ele repetia o refrão e eu tentava debalde imitar sua voz em sintonia com a melodia, quando me abordou um sujeito estranho. Usava o cabelo desgrenhado e tinha a barba por fazer, os pés estavam sujos e notei que a roupa também precisava de mais cuidados higiênicos. Usava um blusão protuberante e bermuda longa, mais a parecer uma calça que em meu tempo diríamos utilizada para "pegar frango". Ele porém, foi rápido e eficaz ao exigir o que queria;
_Carteira e celular, Pilantra!
Não entendi muito bem o motivo da entrevista: Como? - Perguntei curioso.
Ele então respondeu alguma coisa, mas graças a um carro de propaganda que passava anunciando entre hinos de louvor, e uma canção que não me sai do ouvido, o número, e os belos motivos para se votar em um candidato a vereador que não me lembro o nome também (Ufa! Ainda bem), eu não ouvi nada.
O quê? - Perguntei novamente, mais gritando que falando.
Ele me fez um gesto com a mão para que esperasse o carro de propaganda passar.
_ Passa a carteira e o celular. Agora pilantra!
Levantou o blusão protuberante, e me mostrou uma arma. Reparei que estava remendada com durepóx, mas ainda assim era uma arma. Entendi então o motivo da abordagem. Minha resposta foi rápida e envolvente.
_Não trouxe nem um nem o outro. Deixei o celular em casa, e só tenho alguns trocados pra comprar pão! - Disse esperançoso.
Mas ele também não entendeu nada, pois bem na hora passava um outro carro de propaganda com o som a pino. Anunciava ao som de um jingle, mais um candidato a vereador. Ergui as duas mãos em gesto para que o assaltante esperasse, mas ele se adiantou;
Eu não quero que você me compre pão, malandro. Quero sua carteira e seu celular. AGORA!
Vi que ele estava irritado. Deve ter entendido só as ultimas palavras! - Pensei comigo. Repeti a sentença, esperançoso. Mas ele não se conformou.
_Como é que um malandro igual a tu, sai de casa uma hora dessas e não carrega carteira nem celular maluco?
_É que eu...
            Já ia responder, mas vi que era em vão, pois acabava de dobrar a esquina mais um carro de propaganda eleitoral. Pensei comigo mesmo; _Daqui um tempo os professores de libras vão ficar ricos.
Mas o assaltante não queria saber, estava impaciente;
            _Malditos carros de som, atrapalhando meu trabalho.
Foi então que vi que ele estava realmente indo para o trabalho, afinal era uma segunda -feira. Que por sinal já começava estressante. Se o trabalho dele era legal isso já era outra história. Subitamente ele sacou sua arma. Pensei comigo; _ Tá toda remendada com durepóx. - Mas não disse isso pra ele, não quis ofendê-lo, afinal era a sua ferramenta de trabalho. Imaginei-me então em dois perigos, se a bala não me matasse, o tétano com certeza o faria. Levantei as mãos. Onde está a policia uma hora dessas? Mais tarde fiquei sabendo que os policias da cidade estavam engajados no honradíssimo trabalho de proteger o governador, em visita especial a cidade.
O assaltante então se aproximou, arrancou de meus bolsos os trocados destinados ao pão, e me privou de meu MP3. Já em desuso, mas e daí? Eu gostava daquele MP3. Tinha gasto muitas horas colocando meus rocks prediletos nele. Ele nem ia gostar das músicas que lá estavam. Pretendi falar alguma coisa, mas me lembrei do tiro e do tétano, desisti. O assaltante então se afastou, e me deu uma ordem. Mas graças a mais um outdoor ambulante, que convenientemente passava na hora, o que ouvi não tinha nada a ver com a ordem do bandido.
_PELA SEGURANÇA, VOTE NO MANÉ ESPERANÇA. - O fundo musical era composto de um destes hits sertanejos do momento.
Quando o carro de propaganda passou, o marginal repetiu a ordem;
_Vai tirando o pizante ai malandro.
Droga eu ia ter de ir embora sem meu MP3, e ainda descalço.
Não tive remédio. Tirei o tênis e o entreguei ao assaltante.
_ As meias também. - Disse o atento elemento.
Retirei então as meias e as joguei para que o bandido as agarrasse, ele então pegou uma depois a outra, mas em virtude das emanações extremamente nocivas ao paladar olfativo que as mesmas diluíam, se livrou delas imediatamente, com um arremesso decisivo. No mesmo instante o assaltante guardou a arma, colocou o tênis debaixo do blusão,e ainda foi abusivo;
_Não quero saber de você andando por ai sem grana, Pilantra! E não chama os home. (como se eles me ouvissem!) - E irrompeu em um trote desgovernado sem destino. Sumiu em segundos.
Sem meu celular, sem meu MP3, sem minha carteira, e ainda descalço, pensei em chamar um táxi que passava na hora, eu o pagaria quando chegasse em casa. Mas, rabo do diabo que com certeza dirigia este, mais um belo carro de propaganda estava passando na hora. Vi que seriam infrutíferas minhas tentativas de chamá-lo. Ignorei-o, e voltei para casa, acompanhado de toda espécie de jingles políticos propagandísticos.
Dia das eleições, chegue logo que quero lhe usar!