segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os candidatos do barulhooooo!!!!


Galera, nova postagem aqui no blog para estes "tempos de política", escrito pelo nosso parceiro Túlio. Voltamos "na atividade" com nosso blog e queremos a colaboração de todos os nosso leitores que compartilham nossas ideias!!!!




O assalto

Segunda-feira passada estava uma bela manhã, apesar de ser segunda. Aproveitei-me da boa disposição que acordei, e sai de casa as pressas. Motivado pela ideia dei uma boa corrida pelas margens das águas diáfanas, do lago Lúzio de Freitas. Como era caminho aproveitei e juntei alguns trocados e os embolsei com o objetivo de comprar pão e leite na volta. Nem me lembrei do celular, acredito que existem horas na vida que devemos deixar essas maravilhas eletrônicas de lado. Peguei apenas meu MP3 (já em desuso), e desci a avenida Bernardo Saião, ao fundo musical de Cocaine, do Eric Clapton. Foi justamente quando ele repetia o refrão e eu tentava debalde imitar sua voz em sintonia com a melodia, quando me abordou um sujeito estranho. Usava o cabelo desgrenhado e tinha a barba por fazer, os pés estavam sujos e notei que a roupa também precisava de mais cuidados higiênicos. Usava um blusão protuberante e bermuda longa, mais a parecer uma calça que em meu tempo diríamos utilizada para "pegar frango". Ele porém, foi rápido e eficaz ao exigir o que queria;
_Carteira e celular, Pilantra!
Não entendi muito bem o motivo da entrevista: Como? - Perguntei curioso.
Ele então respondeu alguma coisa, mas graças a um carro de propaganda que passava anunciando entre hinos de louvor, e uma canção que não me sai do ouvido, o número, e os belos motivos para se votar em um candidato a vereador que não me lembro o nome também (Ufa! Ainda bem), eu não ouvi nada.
O quê? - Perguntei novamente, mais gritando que falando.
Ele me fez um gesto com a mão para que esperasse o carro de propaganda passar.
_ Passa a carteira e o celular. Agora pilantra!
Levantou o blusão protuberante, e me mostrou uma arma. Reparei que estava remendada com durepóx, mas ainda assim era uma arma. Entendi então o motivo da abordagem. Minha resposta foi rápida e envolvente.
_Não trouxe nem um nem o outro. Deixei o celular em casa, e só tenho alguns trocados pra comprar pão! - Disse esperançoso.
Mas ele também não entendeu nada, pois bem na hora passava um outro carro de propaganda com o som a pino. Anunciava ao som de um jingle, mais um candidato a vereador. Ergui as duas mãos em gesto para que o assaltante esperasse, mas ele se adiantou;
Eu não quero que você me compre pão, malandro. Quero sua carteira e seu celular. AGORA!
Vi que ele estava irritado. Deve ter entendido só as ultimas palavras! - Pensei comigo. Repeti a sentença, esperançoso. Mas ele não se conformou.
_Como é que um malandro igual a tu, sai de casa uma hora dessas e não carrega carteira nem celular maluco?
_É que eu...
            Já ia responder, mas vi que era em vão, pois acabava de dobrar a esquina mais um carro de propaganda eleitoral. Pensei comigo mesmo; _Daqui um tempo os professores de libras vão ficar ricos.
Mas o assaltante não queria saber, estava impaciente;
            _Malditos carros de som, atrapalhando meu trabalho.
Foi então que vi que ele estava realmente indo para o trabalho, afinal era uma segunda -feira. Que por sinal já começava estressante. Se o trabalho dele era legal isso já era outra história. Subitamente ele sacou sua arma. Pensei comigo; _ Tá toda remendada com durepóx. - Mas não disse isso pra ele, não quis ofendê-lo, afinal era a sua ferramenta de trabalho. Imaginei-me então em dois perigos, se a bala não me matasse, o tétano com certeza o faria. Levantei as mãos. Onde está a policia uma hora dessas? Mais tarde fiquei sabendo que os policias da cidade estavam engajados no honradíssimo trabalho de proteger o governador, em visita especial a cidade.
O assaltante então se aproximou, arrancou de meus bolsos os trocados destinados ao pão, e me privou de meu MP3. Já em desuso, mas e daí? Eu gostava daquele MP3. Tinha gasto muitas horas colocando meus rocks prediletos nele. Ele nem ia gostar das músicas que lá estavam. Pretendi falar alguma coisa, mas me lembrei do tiro e do tétano, desisti. O assaltante então se afastou, e me deu uma ordem. Mas graças a mais um outdoor ambulante, que convenientemente passava na hora, o que ouvi não tinha nada a ver com a ordem do bandido.
_PELA SEGURANÇA, VOTE NO MANÉ ESPERANÇA. - O fundo musical era composto de um destes hits sertanejos do momento.
Quando o carro de propaganda passou, o marginal repetiu a ordem;
_Vai tirando o pizante ai malandro.
Droga eu ia ter de ir embora sem meu MP3, e ainda descalço.
Não tive remédio. Tirei o tênis e o entreguei ao assaltante.
_ As meias também. - Disse o atento elemento.
Retirei então as meias e as joguei para que o bandido as agarrasse, ele então pegou uma depois a outra, mas em virtude das emanações extremamente nocivas ao paladar olfativo que as mesmas diluíam, se livrou delas imediatamente, com um arremesso decisivo. No mesmo instante o assaltante guardou a arma, colocou o tênis debaixo do blusão,e ainda foi abusivo;
_Não quero saber de você andando por ai sem grana, Pilantra! E não chama os home. (como se eles me ouvissem!) - E irrompeu em um trote desgovernado sem destino. Sumiu em segundos.
Sem meu celular, sem meu MP3, sem minha carteira, e ainda descalço, pensei em chamar um táxi que passava na hora, eu o pagaria quando chegasse em casa. Mas, rabo do diabo que com certeza dirigia este, mais um belo carro de propaganda estava passando na hora. Vi que seriam infrutíferas minhas tentativas de chamá-lo. Ignorei-o, e voltei para casa, acompanhado de toda espécie de jingles políticos propagandísticos.
Dia das eleições, chegue logo que quero lhe usar!

6 comentários:

  1. se 50% + 1 pensasse não desta forma mas com um pouco mais de responsabilidade tenho certeza q o os políticos pensariam duas vezes antes de nos desrespeitar...=/

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  2. apesar de ser engraçado a forma que escreveu o conto e um fato em nosso dia dia brasileiro tanto os carro de propaganda politica e os assaltos mesmo os todos os dois acabando em roubo, a verdade e que o Brasil vivi hoje uma politica de pão e circo onde a educação saúde e segurança não funcionam no sector publico isso só para resumir no principal papel do politico brasileiro, o que não acontece, sendo assim deveria haver uma reforma em toda area ,porem isso e apenas um sonho,

    parabéns pelo texto Tulio fernando abraço
    ass: Talles H.A.da Silva , seu amigo

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  3. Muito Bom.
    O texto é Crítico, engraçado.
    Foi incrivel a forma como você descreveu o ladrão. Tipo... Ele também é uma vitima deste sistema. Não tem nem sequer uma ferramenta decente de trabalho.
    E o melhor de tudo agora você já sabe?
    "Se vc quiser mais segurança vote no Mané Esperança".
    RSRSRS!
    Parabéns pelo texto.

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  4. Muito bom mesmo.
    Essa politica de troca de favores e de desonestidade..
    precisamos muda-la.
    sem contar nesses carros de som que so infernizam nossa vida...

    Aoh' dia 07 chega logo por favor.

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  5. Ficou bom demais, caro Túlio.
    Me lembrou, em muitos pontos, Bukowski.
    Parabéns pelo texto!

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  6. Muito obrigado a todos. Acredito que cada um deve protestar da maneira mais conveniente. Essa é a minha maneira. ainda vivemos uma Politica onde existe uma "falsa" democracia. politica coronelista, desrrespeitosa com nossa pessoa e com nossos ouvidos. porem gostaria de dizer que apesar de tudo nós precisamos dela. o que falta a maioria de nossos politicos é mais leitura. Mais maquiavel, Mais Hannah Arendt, Mais platão entre outros. precisamos acreditar. mas acima de tudo o poder politico precisa acreditar nos cidadãos para que os cidadãos acreditem no poder político.

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